sexta-feira, 20 de julho de 2007

ANOS ATRÁS.

Bom, essa é só mais uma "carta" que nunca vai ser enviada, mas que me alivia horrores... É que é muito bom escrever quando se está com alguma coisa trancada dentro de si, pois a cada palavra que se escreve, parece que é um problema a menos, ou algo assim, não sei explicar direito.
Queria que tu estivesse comigo, que tu ouvisse as minhas risadas e as minhas lamentações, sempre cheias de melodramas, baratos, mas cheios de sentimentos. Na real, talvez nem esses existissem, pois os melodramas são sempre pensando em ti, e se estivéssemos juntas eles não existiriam. Ah, sei lá. Bom...
Não seria bom se a gente estivesse junto, e todas as coisas girassem só ao nosso redor, e tudo acontecesse só pra nós, como já aconteceu algumas vezes? Não sei, não acho que você sinta a mesma coisa, mas pra mim é a coisa mais mágica do mundo. Queria que tu estivesse aqui pra me dizer de novo que se eu não deixasse teu coração cair, e segurasse ele bem direitinho, com todo amor e carinho do mundo, você se casaria e teria cem filhos, ou mais, ou menos, ou nenhum, ou tanto faz. Pra mim tanto faz, desde que seja ao seu lado.
Não seria bom se eu sempre estivesse lá pra ver você tocar e cantar, com aquela voz que me faz até tremer... E enquanto isso eu estaria bebendo e preparando sua bebida do jeito que você me ensinou, que só nós fazemos igual. E depois a gente saía de mãos dadas e ia pra alguma praça, como sempre, e ficava lá conversando sobre todos os tipos de coisa, como duas pessoas que se gostam fazem?
Não seria bom se eu não soubesse que você não precisa de mim do jeito que eu preciso de você? Que você precisa sempre de alguém correndo atrás, alguém que esteja sempre lá quando você precisar. Não seria realmente bom se eu não soubesse disso?
Não seria bom se eu pudesse te dizer essas coisas, ao invés de estar escrevendo um arquivo que provavelmente nunca ninguém vai ler? Mas de um jeito ou de outro... É bom pensar em ti. Nos momentos legais que a gente já passou juntas, com os quais eu sonho diariamente, e nos momentos legais que a gente pode vir a ter um dia, se eu deixar de ser tão infantil, e se você me dar uma chance de provar que sou eu que te amo, e eu que estarei sempre ali, te esperando....
Não seria legal se eu calasse a boca?

TRÊS ANOS ATRÁS.

- Domingo é dia de ficar em casa. Eu realmente fico em casa a maioria dos domingos, salvo por aqueles em que resolvo ir à redenção ou algo que o valha. Não sei se ainda gosto daquele lugar... As pessoas mudam, e os lugares por elas freqüentados, por sua vez, mudam também. É engraçado ir ao Arco e ver pessoas fazendo exatamente a mesma coisa que eu fazia quando comecei a sair. Cara, será que vai ser sempre a mesma coisa? "Lá vai a menina de 13 anos recém feitos, vestindo roupas "legais" e tentando parecer "legal". Ela chega e olha em volta (com o olhar mais descontraído que consegue forçar), e vai, acompanhada de seus grandes amigos (conhecidos no domingo anterior) ao mini-mercado em busca de vinho. Agora que o vinho já está em suas mãos, ela já pode arriscar sentar perto das pessoas "legais", ou seja, aqueles que freqüentam o lugar a mais tempo, são mais velhos e parecem não se importar com nada, não se preocupar com nada que não seja fun, fun, fun. É verdade, eles realmente não se importam. Olham pra ela como se ela fosse uma pelota de mofo numa casa exageradamente arrumada. Até que ela nota que não é bem quista por ali e sai de fininho. Ela repara que as pessoas "legais" são as que bebem bebidas mais fortes e fumam cigarro e maconha. Prontamente, ela compra uma carteira de Malrboro vermelho, uma garrafa de Dreher e um baseado. Bom, deu certo. Agora eles lhe vem pedir um trago do cigarro, um gole do Dreher e um pega do baseado. Não é o máximo? Como ela é "legal"!! Aos poucos ela começa a se mostrar digna de andar com eles, afinal, ela fuma, bebe, usa roupas legais etc, etc, etc... E logo, logo ela é uma das meninas malvadas do grupinho veterano, que esnoba as garotinhas que começaram a freqüentar o lugar no mês passado e bebem vinho com seus amiguinhos calouros.
É o ciclo da vida.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Meta de vida.

Tocava o violão sem parar. Tocava, tocava pensando nisso ou naquilo, a cabeça aqui ou acolá. Simplesmente tocava, e acho que nem se importava tanto com o som que saía do instrumento, o importante é que distraído e colorido ele tocava, mais sentindo que ouvindo, apreciando cada acorde. Em Lá maior, transitava pelas passagens brasileiras, lembrando grandes e nem tão grandes nomes da música, uns versos próprios, e também alguns impróprios, talvez não próprios para ele, por que naquela ocupação, a única coisa própria era tocar, tocar e tocar, independente da sonoridade do tocado.
E assim, tocando, ele compreendia a complexidade do mundo, toda a teia de variados tipos de relacionamentos possíveis, embora eu pense que nem percebesse isso, pois tudo o que ali se via, era um homem que tocava e sorria; tocava e só ria, o que não faria muito sentido para muitos, afinal, quem vai entender alguém que compreende o mundo sem saber que o compreende?
Ás vezes até me parecia hesitar, a expressão ficava mais cinzenta, e então baixava o tom, e lá ia ele, tocando chorinhos em Lá menor, lamuriando-se em Dó sustenido e suspirando em Ré Bemol; parecia ignorar minha presença, parecia ignorar o local público em que se encontrava, parecia ignorar aqueles tantos que o ignoravam - por que muitos o ignoravam. Quem se importa com alguém que toca sem saber o que toca, ri sem saber do que e chora sem derramar lágrimas?. Posso quase jurar que em muitos momentos o violão demonstrava mais sentimento e expressão que ele, que tocava, com a incrível capacidade de chorar e sorrir sem emoção, e de se emocionar sem chorar ou sorrir.
Quando eu crescer, eu disse, quero ser que nem ele.